30 maio 2007

Tempo é Dinheiro - Parte I





O tema do tempo e dinheiro vai ser dividido em dois, hoje deixo aqui um pequeno conto que eu ouvi de um médico desta praça (Mangualde), pode ter erros porque o alemão leva-me muita coisa da memória mas a base é essa:


Um pescador levantou-se de madrugada (por volta das quatro, ainda eu nem me tinha deitado) e lá foi para a faina com o seu pequeno barco. O mar estava de feição, pelo que, por volta das quatro e meia da matina já estava na lota a vender o fruto do seu trabalho.
Como foi o primeiro a chegar despachou-se depressa e foi dormir o merecido sono para debaixo do seu barco (as redes irá coselas á tarde).
Quando já iniciava o sinfónico som de quem dorme sem problemas é acordado por um engravatado que lhe diz:

- Bom dia senhor pescador, então hoje não foi á peca? Olhe que o mar não me parece encrespado!
- Bom dia para si também, o mar hoje está muito bom sim senhora, olhe que foi tão gentil para mim que já vendi o pescado todo e vou ver se consigo descansar por aqui um bocado para não ir já gastar algum em vinho.
- Mas bom homem, se o mar está a dar muito, porque não meteu outra vez o barco às águas e pescou duas vezes mais para fazer muito mais dinheiro?
- Para quê?
- Para conseguir comprar um barco maior, e poder pescar todos os dias mais e como tal fazer muito mais dinheiro…
- Para quê?
- Então! Para depois pescar sempre mais, ganhar todos os dias mais dinheiro e comprar mais barcos…
- E para quê?
- Então olhe lá, para depois ter uma frota pesqueira a trabalhar para si e ganhar ainda mais dinheiro.
- Então e para quê?
- Para depois ter muito dinheiro e poder ficar a descansar em terra enquanto todos os seus barcos andam a pescar para si.
- Então e não é o que eu já estou a fazer?! "

21 maio 2007

Sopa Seca!






Hoje, fui com um grupo de amigos a Alcofra comer uma sopa seca, um prato diferente do habitual que dá um grande peito a qualquer homem. Com a nossa barriga refastelada e com o anfitrião a orientar o percurso, andámos a explorar algumas das boas coisas que a Serra do Caramulo nos pode oferecer. Conheci um monumento megalítico, uma torre, uma ponte romana em bom estado e, o mais importante, que nos fez palmilhar por caminhos pedonais já com a sola das sapatilhas a doer, essas flores, que não vou dizer o nome, mas espero que o adivinhem, pois são raríssimas, venenosas e dão-se em poucos locais deste mundo. Pois é deitem cá para fora o nome, são muito bonitas mas um chá destas livrava muitas mulheres (sim são sempre elas que se livram) do peso do marido que nunca mais partia.
Uma boa semana para todos… e pouco chá.
























Bem, eu sei que é Domingo e como tal deveria era estar era em casa com a família, mas por este petisco até deixo que me estraguem os chinelos (desde que não os alarguem muito porque o meu pé é pequenito).
Não sei se repararam no pormenor, mas na mesa está uma garrafa de água.

14 maio 2007

Georgios Kyriacos Panayiotou em Coimbra!

No Sábado, 12 de Maio, fui até Coimbra assistir ao espectáculo do George Michael. Posso afiançar-lhes que fui cheio de vontade de ver o azeiteiro que quando eu era um puto ranhoso me enchia de inveja por poder sacar tudo o que era rapariga.
Nós, os que íamos ouvindo os Wham porque queríamos ser assim (gajas ás paletes mesmo para os menos esbeltos), acabámos por nos inundar de alegria quando o Georgios Kyriacos Panayiotou revelou que a sua musa inspiradora até fora sempre os machos. Uma alegria instantânea porque mesmo assim não colhemos mais do fruto proibido e, ele ganhou o respeito até da legião de mulheres que o continuam a seguir, penso que é na esperança vã de que volte para o lado convencional. Em Coimbra eram tantas que a minha mulher teve que me encher de cerveja para eu ter olhos só para ela (o que ela não sabe é que há leveduras que fazem milagres, e até os martelões que lá estavam pelo grego já me pareciam lavadinhos).


Mas voltando a Coimbra, o espectáculo foi imperdível, depois de desfilarem algumas músicas dos seus trabalhos a solo e onde uma amálgama de luz, cor e vídeo nos foi enchendo a retina, Ainda ouve tempo para escutar a saudosa Careless Whisper, com o estádio a cantar em coro.
Volta outra vez que por mim estás perdoado, e da próxima volto lá (dou é cerveja á fiscal que não bebe). Ah e levo a maçã ao gomos para o segurança não me ficar com ela.

08 maio 2007

A cor da alma!


Num daqueles dias de Primavera que nos fazem lembrar o Verão, desceu as longas escadas contando os degraus dois a dois e, apesar do passo acelerado chegou ao fundo fresco como uma alface. Havia qualquer coisa no liceu que o impulsionava a correr depressa para as aulas e os professores não eram com certeza. A sede de aprender também não. A campainha, com um som estilhaçado, grita para entrarem. O fundo da sala é o topo do mundo, dali consegue-se ver tudo sem ser visto. Como grandes filósofos dirigem-se á fonte de inspiração, e ao fim de cada golada de ginja parecem mais perto da lucidez, o álcool tem essa maléfica propriedade, dá uma visão mais clara do que não se consegue compreender. - …e a alma? Vocês acham que existe? - Pergunta o mais alto enquanto emborca mais um copo. – Não nem penses nisso! - Respondem-lhe quase em coro - Já viste a cor que a tua tinha? se tivesses alma era preta como a noite e nós com a nossa visão de ginja conseguíamos discerni-la sob a tua cabeça! – Mais uma gargalhada e mais um golo. -Nã, temos que ter alguma coisa que nos diferencie dos animais, eles não fazem estas farras e há muitos que já cá andam há mais milhares de anos do que nós. Se evoluímos todos como nos dizem em ciências da natureza… - Nem penses nisso, o prof de ciências até do carro se esquece em Lisboa não acredites nem nele nem no Darwin. A conclusão nunca chegou a aparecer porque o astro rei não espera por ninguém e de repente apresentou-lhes a tarde e mais aulas. Voltou a correr para escola, mais uma vez não era pelos conhecimentos, esses eram obtidos na tasca da tia Iva. Num dos intervalos lá ganhou coragem e ficou sentado no recreio a levar com o doce calor do sol no rosto e a conversar com ela sobre futilidades dessas idades, nunca se chegaram a tocar, nem um beijo deram. Mas durante esse instante o mundo poderia ter sido destruído e reconstruído por um big bang que eles não notariam nada. Entretanto acima deles as almas foram-se abraçando e beijando como fazem os adultos e assim ficaram á espera que cá por baixo fizessem o mesmo. - Que isso não volte a acontecer! Ouviste bem?! Se não já sabes… E nunca mais deve ter acontecido. As almas, que não existem, lá continuaram à espera e, como em qualquer teoria evolucionista, foram-se transformando e reformatando á medida dos dias que passam. As ginjas nunca conseguiram revelar a cor da alma. Mas o debate ainda vai no adro. - …escuta lá, queres dizer-me que se alguém morrer e for ressuscitado, sabes que os médicos já fazem isso, não é ao fim de três dias, é logo na hora, a suposta alma durante o espaço temporal em que o endivido-o está morto anda a vaguear? - Não, está a aguardar serenamente e até dizem que está a olhar lá de cima cá para baixo… - Não acredito nisso! – Viraram-se todos para uma zona de maior penumbra, onde, com um sorriso nos lábios, os olhos brilhantes e um copo de gin na mão, o rapaz mais pequeno do grupo, com os seus olhos castanho esverdeado as faces rosadas e um corpo quase esquelético mostrava que tinha estudado a matéria para o debate das tardes de sexta. Quase nunca abria a boca hoje com o poder do gin não parava de brotar a sua teoria - … cada um de nós é um composto químico que se pode materializar e um composto espiritual que não tem principio, tempo ou espaço, se lhe chamam alma, por mim tudo bem, mas não tem definição mundana. O mais velho, que tinha umas sapatilhas Sanjo, ergueu o seu copo para o tecto e com ar de aristocrata empertigado gritou alto e a bom som: - Brindemos á nossa alma que por ser imaterial não pode beber por nós. Os copos ainda continuam hoje a correr lentamente pelas gargantas dos corpos mas o passado continua a alcançar cada golo sem encontrarem a resposta para pergunta que sempre lhe queimou a mente – Qual é a cor da alma?

Na Quinta-Feira passada acabou o limbo, para mim nunca tinha existido. Se o grupo de estudos do Vaticano procurar com afinco, vai descobrir que o purgatório e o inferno também são frutos de criações brilhantes pois, segundo o documento que acaba com o limbo “…Deus é misericordioso e deseja "a salvação de todos os seres humanos", existindo "fortes bases teológicas e litúrgicas para esperar que, uma vez mortos, os bebés não baptizados são salvos…".Portanto, um Deus misericordioso não nos vai por em lume brando para toda a eternidade (que deve ser muito tempo).

Relativamente á alma, também deve desaparecer por decreto papal...mas enquanto não for extinta é, com certeza, verde e branca no seu estado mais puro.

04 maio 2007

O poder do fumo…

Não fumo, nunca fumei (só tabaco) e os dedos de uma mão chegam para contar os maços de cigarros que comprei (o da foto foi na Rep. Checa) na vida toda (são só 37 anos até agora), pronto cravei alguns mas ponho duas mãos para contar com os que cravei.

O governo e, as oposições, finalmente encontraram uma matéria onde são consensuais: Perseguir, caçar e abater os fumadores. Eu, que já pago muitos impostos, estou a ver isto cada vez mais esfumado, porque como sabem cada maço de cigarros leva uma grande carga fiscal e os fumadores, salvo raras excepções, vivem muito menos anos das suas reformas.

Mas deixando os aspectos positivos do vício (morte rápida e grandes impostos), tudo o que é demasiado proibido atrai (tendência para o abismo) e, este projecto-lei parece-me demasiado proibicionista e pouco moderadas e educativa, chega mesmo a recordar o tempo do “Botas” (que eu não vivi) onde a liberdade individual vinha abaixo do bem maior que era a pátria.
Os donos dos restaurante, bares ou seja o que for devem ter a liberdade de optar se querem ou não que se fume no seu espaço e, eu como não fumador com uma filha de 12 anos, opto por frequentar ou não esses espaços.
O 25 de Abril deu-nos a liberdade de nos expressarmos contra o que não concordamos sem medo de represálias, mas de que nos vale isso se eles fazem o que querem sem nos dar cavaco?