10 setembro 2008

Coleccionadores de vidas!

A multinacional que tem vindo a alimentar a minha conta bancária enquanto sente sangue quente nas minhas veias, começou mais um processo de reestruturação. Nos últimos sete anos tem sido sempre assim, e quando entramos no novo ano, anunciam-nos pomposamente, que o machado já está arrumado, que a devastação na floresta das vidas, que tornaram esta empresa no que ela é, já está terminada. Por vezes, o carrasco de outrora é ceifado com a mesma ceitoira com que decepou os condenados, sem olhar para a pessoa que converteu num número a abater.
Com umas pazadas de euros compram as nossas vidas para as suas colecções. Dos mais próximos que foram atirando ao chão só o Coiote saiu com o valor de uma vida dedicada a uma empresa. O grande Tartaruga, trabalhador, defensor desde sempre da grandeza da empresa e dos que superiormente a comandam, levou uma rasteira, mas tal e qual como o animal com carapaça rija não foi ao tapete e já anda de novo a trabalhar para outro pé-de-meia (calça 42). O que ainda não consegui assimilar foi o Melenas, que sempre trabalhou e fez trabalhar num ápice e mesmo com resultados dignos de quem sabe fazer e como fazer, foi chamado à sopa dos pobres para apanhar umas migalhas de todo o pão que ajudou a fermentar. Não é justo que esperem que cheguemos à idade e sermos demasiado velhos para trabalhar e muito novos para nos darem uma tensa. Amigo Fusões tens que fazer como o Tartaruga e continuar em frente que os próximos bichos a sair são virtuais – talvez um Pickachu, um Estrunfinho ou um KGB.

Estatisticamente, os amigos do Sr. Eng.º Zé (ou será engenhoso), vão continuar radiantes e com as taxas de desemprego a cair, porque nenhum dos agora empurrados para a rua pode recorrer ao subsídio de desemprego.

PS – Ser bom ou mau profissional não é importante, basta ver o IMS e conhecer o comandante do Porto que também levou chumbada.
PSS – E não me venham com tanga que é o mercado que obriga a reduzir, que eu vejo a concorrência, e se não produzimos mais deve-se muito à gestão demasiado avançada (uma espécie de new wave) ou às ferramentas enferrujadas e fora do contexto do mercado, mas quem paga sempre é a base da pirâmide.

6 comentários:

Neoarqueo disse...

Realista ou neo-realista, é assim que eu "catalogo" o teu texto...Sublime, sob o ponto de vista da escrita, sarcástico, sob o ponto de vista da "grande e constante revolução", emocionante, sob o ponto de vista da amizade sincera que nutres pelas "pedras" da tal pirâmide que já cíaram e, finalmente, objectivo, sob o ponto de vista do "futuro" que a todos nós estas "máquinas capitalistas", dignamente ao serviço da saúde dos outros,rserva.
Nõa há, definitivamente, lugar a desânimos ou a "vinganças" inglórias, mas sim, e com todo o afinco, a vontade de, cada um à sua maneira e sem se "vender", seguir em frente na sua caminhada própria. També eu me associo aos sentimentos que te assaltaram quando escreves-te este texto...mas, sabes, no fundo, no fundo, parece-me que ambos somos (apesar da couraça de alguma indiferença) uns artistas...e como sabes, artista é aquele que consegue transformar o mundo...para melhor.

Anónimo disse...

AI VIDA! VIDA!
ESTRUNFINHO

Anónimo disse...

Porque não prescindem estes administradores das fusões e dos despedimentos das respectivas mulheres e as trocam por uma boneca insuflavel que sempre fica mais económica não reclama e está sempre pronta e sem dor de cabeça.

Rui Quental disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

desjos de um feliz Natal e um mui próspero ano 2009

Anónimo disse...

Um 2009 repleto de comezainas, bebezainas e vitórias do GDM.
Um grande abraço, Ruizinho!